Acesso regulamentado a dados do veículo
A inspeção dos veículos também tem de abranger sistemas eletrónicos e software
A ligação em rede e a automatização são as palavras-chave para o desenvolvimento da tecnologia automóvel nos próximos anos. “Para a segurança rodoviária do futuro, será determinante que tais funções funcionem de forma permanentemente fiável no veículo. Para assegurar isso, têm de poder ser adequadamente inspecionadas pelas organizações de controlo”, declarou o Presidente do Conselho de Administração da DEKRA, Stefan Kölbl, no congresso auto motor und sport de 2020. No âmbito do evento online, Kölbl solicitou um acesso legalmente regulamentado a dados do veículo relevantes para a segurança e o ambiente.
O pedido de acesso a dados diz respeito apenas à parte relativamente pequena dos dados do veículo que são importantes para a monitorização do veículo no âmbito da inspeção geral. Tal inclui também versões de software. “Com atualizações over the air, um veículo pode ser hoje substancialmente diferente do que era ontem”, referiu o Presidente do Conselho de Administração da DEKRA. “Por isso, a médio prazo, já não será suficiente controlar o estado de um veículo em intervalos de dois anos na respetiva inspeção geral. Será entretanto necessária uma inspeção extraordinária do veículo.” Para poderem verificar a qualquer altura os sistemas relevantes para a segurança e o ambiente quanto a defeitos, anomalias ou manipulações e cumprirem assim a sua tarefa legal, as organizações de controlo necessitam, no ponto de vista da DEKRA, de um acesso direto, não filtrado e não discriminatório aos dados do veículo relevantes para a inspeção.
Modelo de depositário dos dados deverá garantir a segurança
Tal deve ser possibilitado através de um modelo de depositário dos dados com um chamado “Trust Center”, que atua em nome do Estado como instância independente e de confiança. Este cria um acesso seguro, equitativo e não discriminatório aos dados relevantes de veículos automatizados e ligados em rede para autoridades, instituições de inspeção e outros organismos autorizados. “Tal consiste não no armazenamento global do intercâmbio de dados completo com o veículo, mas sim nos dados relevantes para a segurança e o ambiente, que foram marcados como tal no âmbito da homologação do veículo”, explicou Kölbl. Na sua opinião, tem de ser assegurado que os dados que são utilizados na inspeção do veículo são genuínos e completos. “O fornecimento dos dados através de um servidor do fabricante do veículo não satisfaz estes requisitos. Não se pode permitir que o fabricante tenha a soberania completa dos dados”, afirmou o Presidente da DEKRA.
O “computador sobre rodas” tem riscos inerentes
A imagem do automóvel do futuro como “computador sobre rodas” comporta, para Stefan Kölbl, o perigo da banalização. Os veículos apresentam um outro risco operacional: “Quando um computador falha, normalmente é reiniciado e o problema fica resolvido na maioria das vezes. Contudo, quando este computador pesa mais de uma tonelada e circula a 50 quilómetros por hora, uma falha desse tipo pode ter consequências totalmente diferentes.” Kölbl afirmou que é verdade que os sistemas de assistência ao condutor e as funções automatizadas têm um grande potencial para evitar acidentes ou atenuar as suas consequências. “No entanto, apenas podem concretizar este potencial se funcionarem de forma fiável durante todo o ciclo de vida do veículo.” Tal é ainda mais importante, dado que, na condução altamente autónoma, deixa de existir o controlo alternativo pelas pessoas. “Ainda que muitos acidentes sejam provocados por erros humanos: as pessoas também podem evitar situações críticas através da sua reação aos eventos do tráfego. Se as pessoas futuramente deixarem de desempenhar qualquer papel no sistema, a tecnologia tem de ser ainda mais segura.”