Ocorrência de acidentes na alemanha
No que respeita à ocorrência de acidentes com veículos de duas rodas na Alemanha, observase aqui, pelo menos para 2019 em relação a 2018, uma satisfatória tendência de descida. No total, 129207 utilizadores de veículos de duas rodas sofreram acidentes nas estradas alemãs, o que corresponde a uma redução de quase 4,5% em comparação com o ano 2018, com 135103 vítimas de acidentes. Nos motociclistas, o número de vítimas de acidentes caiu quase 9%, de 31 419 para 27 927, e, nas vítimas mortais, houve um declínio de 619 para 542. Em acidentes com veículos de duas rodas motorizados com matrícula de seguro, no total, 13 925 utilizadores sofreram acidentes em 2019. No ano anterior, foram 14 792. 63 utilizadores de veículos de duas rodas motorizados com matrícula de seguro perderam a vida – menos 15 do que em 2018. Nos ciclistas, o número de vítimas de acidentes no ano de 2019 desceu cerca de 1% relativamente ao ano anterior, de 88 880 para 87 342. O número de vítimas mortais mantevese inalterado, com 445 ciclistas mortos. Destes, 118 circulavam numa pedelec, ao passo que, em 2018, foram somente 89. Tal significa um aumento de, imaginese, 32% nos condutores de pedelecs mortos.
Tal como escreve o Serviço Federal de Estatística no seu relatório anual de 2019 referente aos acidentes rodoviários com motociclos e bicicletas, o risco, em relação à frota de veículos existente, de sofrer um acidente rodoviário é mais elevado em motociclos do que noutros veículos a motor. Assim, em 2019, por cada 1000 motociclos com matrícula oficial, seis utilizadores sofreram acidentes, ao passo que, por cada 1000 veículos ligeiros de passageiros, ocorreram cinco vítimas de acidentes. Adicionalmente, o risco de sofrer ferimentos mortais em acidentes rodoviários para utilizadores de motociclos com matrícula oficial, com 12 vítimas mortais por cada 100 000 motociclos, ?cou claramente acima do valor para ocupantes de veículos ligeiros de passageiros, com três vítimas mortais por cada 100 000 veículos matriculados. Os números referidos realçam que o risco de ferimentos em motociclos, de modo global, é maior do que em automóveis e, para além disso, as consequências dos acidentes são mais graves para os utilizadores de motociclos com matrícula oficial em comparação com os ocupantes de veículos ligeiros de passageiros. O risco, em relação à frota de veículos existente, de morrer num motociclo com matrícula oficial foi, em 2019, até mais de quatro vezes superior ao de num automóvel – e isso perante uma quilometragem claramente inferior.
Também nos motociclos, são especialmente vulneráveis os condutores inexperientes: 35,4% das vítimas de acidentes e mais de 18% das vítimas mortais entre utilizadores de motociclos no ano de 2019 tinham entre 15 e 24 anos. A justificação para tal está à vista: os condutores jovens têm frequentemente ainda pouca experiência de condução e tendem também a avaliar incorretamente os seus próprios limites. Em ciclomotores, para além dos jovens, as principais vítimas de acidentes são os idosos: 28,6% dos utilizadores de ciclomotores mortos tinham 65 anos ou mais. Entre os ciclistas mortos, foi até mais de metade nesta faixa etária.
O EXCESSO DE CONFIANÇA É UM GRANDE PERIGO PARA OS MOTOCICLISTAS.
Tal como é explicado pelo Serviço Federal de Estatística, no seu relatório anual de 2019 referente a acidentes, 31% dos feridos e quase 27,5% dos mortos entre utilizadores de motociclos foram vítimas de acidentes com um só veículo. O segundo envolvido mais frequente em colisões de utilizadores de motociclos com um outro utente da estrada foi, com aproximadamente 81%, um veículo ligeiro de passageiros. Nas mais de 26 200 colisões deste tipo, registaramse como vítimas 1653 ocupantes de veículos ligeiros de passageiros e 22 036 utilizadores de motociclos. 93% das vítimas de acidentes eram, portanto, condutores ou passageiros de motociclos, mas cerca de 68% destes acidentes foram provocados por condutores de veículos ligeiros de passageiros.
Analisando os acidentes fatais para os motociclistas, a quota de acidentes com um só veículo foi de quase 28% dentro das localidades e quase 27% fora das localidades. Assim, no total, cerca de 27% de todos os motociclistas mortos em acidentes rodoviários morreram sem o envolvimento de outros utentes da estrada. Em acidentes com dois intervenientes, no que respeita ao tipo de veículo, o veículo ligeiro de passageiros desempenha o papel mais importante como segundo envolvido. Tendo em consideração todas as categorias, estes acidentes foram, em quase 50% dos casos, provocados pelos condutores de veículos de passageiros. No geral, é de salientar que quase um terço dos acidentes fatais para motociclistas foram provocados pelos próprios.
Dos 87 253 acidentes de bicicletas com feridos registados pela polícia, quase 22,5% foram acidentes com um só veículo. O segundo envolvido mais frequente nestes acidentes foi, com cerca de 64%, um veículo ligeiro de passageiros, sendo que, em mais de 75% destes casos, o condutor do veículo ligeiro de passageiros foi o principal causador. Considerando os acidentes mortais com bicicletas, verificase o seguinte cenário: dos 173 ciclistas que perderam a vida em estradas fora das localidades, 35 morreram em acidentes com um só veículo. 87 morreram em acidentes com um veículo ligeiro de passageiros. Destes, 51 acidentes foram causados pelos próprios ciclistas. Dentro das localidades, os acidentes com um só veículo também merecem uma especial atenção. Dos 272 ciclistas que aqui perderam a vida, 100 morreram num acidente sem envolver outro interveniente. Nos acidentes com um veículo ligeiro de passageiros como principal segundo envolvido, os condutores dos veículos ligeiros de passageiros foram considerados o principal causador em 45 casos e os ciclistas em 40 casos. A análise mostra que a prevenção no que respeita aos acidentes com um só veículo deve estar muito mais em foco. As principais áreas de ação são, aqui, a melhoria da infraestrutura, um aumento maciço da taxa de uso de capacete e a formação, em particular dos idosos, para a utilização de pedelecs.
De modo geral, no que concerne aos acidentes com bicicletas, é importante observar que existe um número muito elevado de casos não reportados. Quem cai da bicicleta e sofre ferimentos, muito raramente chama a polícia e, pelo contrário,deslocase sozinho ao médico, mesmo no caso de ferimentos mais graves. Mesmo em caso de transporte pelos serviços de salvamento, a polícia não é necessariamente envolvida. Estes acidentes com um só veículo não surgem, portanto, nas estatísticas oficiais.
SOBRETUDO OS IDOSOS SUBESTIMAM, MUITAS VEZES, AS ENORMES POTÊNCIAS DE ACELERAÇÃO E TRAVAGEM DAS PEDELECS.
AUMENTO EXPONENCIAL DOS ACIDENTES COM PEDELECS
Com a pedelec (pedal electric cycle), surgiu uma nova forma de mobilidade. A pedelec está em expansão, a sua frota cresce continuamente. Na Alemanha, por exemplo, existia, em 2019, um total de 5,4 milhões de pedelecsem circulação, ao passo que, em 2014, o seu número era de 2,1 milhões. O boom de vendas de pedelecs também se verifica noutros países. Tal não é de surpreender, dado que, afinal, o tráfego velocipédico tem sido intensivamente promovido em muitas cidades. Contudo, entre outros, na Alemanha, tem ao mesmo tempo aumentado fortemente o número de condutores de pedelecs que sofrem acidentes.
Não é por acaso que as pedelecs são muito populares entre os idosos. Com o apoio do motor elétrico integrado, são possíveis mesmo viagens mais longas sem grandes esforços. Nos números de acidentes, este grupo de utilizadores refletese notoriamente. Em 2019, na Alemanha, 60% dos condutores de pedelecsmortos tinham mais de 70 anos. Só os condutores mortos com mais de 75 anos constituíram, em 2019, uma quota de quase 51% de todos os condutores de pedelecs mortos.
AMas por que razão é que as pedelecs são tão perigosas precisamente para os idososfi Existe toda uma série de motivos para isso. Um problema essencial reside no facto de a velocidade de uma pedelec ser claramente subestimada pelos outros utentes da estrada. A isto, acresce o facto de as pessoas mais idosas serem frequentemente condutores mais inexperientes, pois não utilizaram uma bicicleta convencional durante muito tempo e agora aventuram um recomeço com a pedelec. Muitas vezes, a aceleração invulgarmente forte e as maiores potências de travagem são, por isso, subestimadas. Além disso, com a idade, diminuem a capacidade de reação (visão, sentido de equilíbrio) e as aptidões físicas gerais necessárias para a condução de um veículo de duas rodas. A resistência do corpo em caso de quedas também se deteriora significativamente nas pessoas mais idosas. Em caso de queda, estas sofrem ferimentos mais rapidamente e, sobretudo mais graves do que os ciclistas jovens. Cada pequena queda pode, portanto, acarretar consequências fatais.
Se analisarmos a estrutura etária da população na Alemanha, o desafio persistirá ainda durante muito tempo. As gerações do baby boom a partir de 1975 e antes estão lentamente a entrar na idade em que a percentagem de feridos graves e vítimas mortais entre condutores de pedelecs e também ciclistas aumenta fortemente. A quota de condutores de pedelecs mortos, no ano de 2018, com 45 anos ou mais foi de 93,2% na Alemanha. No caso dos ciclistas mortos, este valor foi igualmente muito elevado, com 79,5%. A quota de condutores de pedelecs com ferimentos graves, no ano de 2018, com 45 anos ou mais foi também elevada e ascendeu a 87,2%. Nos ciclistas com ferimentos graves, este valor foi de 58,6%. Consequentemente, existe uma necessidade de intervenção urgente se pretendermos travar esta tendência.
ELEVADO PERIGO DE FERIMENTOS EM ACIDENTES COM TROTINETES ELÉTRICAS.