Perigos especiais para condutores de veículos pesados de mercadorias: álcool, drogas e fadiga

07/06/2018 O fator humano
Ao analisar os dados de acidentes alemães com veículos pesados de transporte de mercadorias, é percetível que a maioria dos acidentes é devida a erro humano. Além de erros de condução, como uma distância muito curta dos restantes veículos ou uma velocidade não adequada, em primeiro plano encontram-se o álcool e a fadiga em termos do que afeta a capacidade de condução.
Existem grandes diferenças na proliferação de álcool e drogas entre os condutores de veículos pesados no transporte de mercadorias, conforme apresentado numa análise sistemática realizada por Girotto e colegas em 2013. Nesta metanálise, foram avaliados estudos em que os condutores prestaram informações próprias sobre o respetivo consumo de álcool e drogas, bem como aqueles em que foram testadas amostras biológicas de condutores relativamente a álcool e drogas. O álcool foi mais frequentemente confirmado pelos condutores em 18 dos 23 depoimentos pesquisados.
Nos 15 estudos que avaliaram amostras biológicas, as substâncias mais prevalecentes foram anfetaminas, canábis e cocaína. Em média, em 54,3 % dos casos, o consumo de álcool foi indicado na autoavaliação – variando de 9,9 % (Paquistão) a 91 % (Brasil). Em média, o álcool foi detetado em 3,6 % das amostras biológicas com um mínimo de 0,1 % (Austrália e Noruega) até um máximo de 12,5 % (EUA). A frequência média de consumo de anfetaminas, indicado em autoavaliação, foi de 29,5 %, variando entre 0,9 % (Itália) e 70 % (Brasil). As anfetaminas foram detetadas numa média de 8,5 % das amostras biológicas (entre 0,2 % na Noruega e 82,5 % na Tailândia). O uso de canábis foi indicado em autoavaliação, em média, em 19,3 % dos casos estudados e detetado toxicologicamente em 4,7 % das amostras biológicas. Além disso, algumas substâncias psicotrópicas foram encontradas em alguns dos estudos analisados como, por exemplo, opioides, fentermina, codeína, medicamentos à base de cafeína, anti-histamínicos e benzodiazepínicos. As diferenças significativas nos dados devem-se em parte aos diferentes métodos de pesquisa. Nos fluidos corporais, o álcool e outras substâncias psicoativas – dependendo dos padrões de consumo – apenas podem ser detetados até algumas horas ou dias após a ingestão. Embora estas amostras sejam muito específicas na deteção das substâncias, muitas vezes conduzem a uma subestimação da frequência real de ocorrência. A autoavaliação permite, a este respeito, uma perspetiva de longo prazo da vida profissional dos condutores e do respetivo uso de substâncias psicotrópicas. No entanto, este método também está sujeito a certas limitações, tais como erros de memória entre os inquiridos, a tendência ao comportamento de resposta socialmente desejável ou a retenção deliberada de informações por medo de consequências legais. Além disso, as condições de trabalho nos diferentes países diferem, por exemplo, no que diz respeito a carga e descarga, a infraestruturas ou mesmo ao equipamento técnico dos veículos. Os autores de um estudo tailandês, que encontrou anfetaminas em 82,5 % das amostras de urina, atribuem isso, entre outros aspetos, à jornada excessiva de 20 a 22 horas – concluem que a ingestão de substâncias psicotrópicas é mais elevada em más condições de trabalho.