Tendências fundamentalmente positivas no desenvolvimento de acidentes

01/06/2018 notícias e ações
Na situação atual e nos diferentes cenários futuros, surge toda uma série de desafios para a segurança rodoviária, especialmente, dos veículos pesados de mercadorias e carrinhas. Com o aumento da quilometragem, inclusivamente dos veículos utilitários pesados, verifica-se um aumento não só da probabilidade dos indivíduos se verem envolvidos num acidente, bem como do impacto de tais acidentes. No entanto, a tendência fundamental é positiva: graças aos imensos avanços por parte dos fabricantes, por exemplo, no que refere aos sistemas de assistência ao condutor, o número de utentes da estrada mortos em acidentes com veículos utilitários diminuiu significativamente em toda a UE, nos últimos anos. Embora em 2006 se tenham ainda perdido 7233 pessoas em acidentes rodoviários, de acordo com os mais recentes valores da Comissão Europeia, este número diminuiu mais de 47 %, até 2015, para 3848. Isto representa cerca de 15 % de todas as mortes em acidentes rodoviários na UE, uma percentagem que se manteve nos últimos anos. Nos EUA, registou-se, no período homólogo, um declínio de cerca de 20 % de 5027 para 4067 vítimas mortais. Na Alemanha, o declínio é de cerca de 34 %, ou seja, de 1197 para 787. Em 2016, as estatísticas indicam 745 vítimas mortais em acidentes rodoviários com veículos pesados de transporte de mercadorias, representando uma vez mais uma diminuição de 4 %.
Em geral, o número de envolvidos em acidentes é relativamente reduzido, principalmente se considerarmos os quilómetros percorridos por veículos. Isto é já demonstrado por alguns dos resultados do Serviço Federal de Estatística, na Alemanha: em 2016, a polícia registou 308 145 acidentes rodoviários com feridos, sendo 211 460 causados por condutores de veículos ligeiros de passageiros e 19 022 da responsabilidade de condutores de veículos utilitários. Segundo dados da Autoridade Federal de Veículos Motorizados, em 2016, os condutores de veículos ligeiros de passageiros percorreram mais de 625,5 mil milhões de quilómetro e os condutores de veículos utilitários, 80,5 mil milhões de quilómetros. Tal significa que, em 2016, a cada 2,96 milhões de quilómetros, ocorreu um acidente com feridos a um condutor de veículos ligeiros de passageiros e a cada 4,23 milhões de quilómetros a um condutor de um veículo utilitário.
No entanto, no caso de acidentes com feridos em que estão envolvidos veículos pesados de transporte de mercadorias, a ocorrência de mortes é desproporcionalmente frequente. Tal deve-se às grandes dimensões e reduzida compatibilidade dos veículos pesados de transporte de mercadorias, em comparação com outros utentes da estrada. Além disso, no caso dos veículos pesados de transporte de mercadorias, existe um perigo adicional relacionado com a grande área que não é visível para o condutor. Os peões e utilizadores de veículos de duas rodas encontram-se assim particularmente expostos a este risco.

Continuar a desenvolver elevados níveis de segurança

Toda a tendência positiva se deve a uma variedade de medidas. Os já mencionados sistemas de assistência ao condutor prestam uma contribuição inegável. Os veículos utilitários desempenham um papel pioneiro neste tema. As tecnologias como os sistemas eletrónicos de travagem e de travagem de emergência foram implementados primeiro nesta categoria de veículo, antes de serem incluídos no possível equipamento dos veículos ligeiros de passageiros. A sua eficácia é inquestionável. Por exemplo, uma experiência de campo com mais de 1000 veículos, levada a cabo pela Associação federal de transporte de mercadorias, logística e eliminação de resíduos, em conjunto com a Associação profissional dos transportes e da economia dos transportes, comprovou que os veículos pesados de mercadorias equipados com sistemas de assistência ao condutor têm uma probabilidade de acidentes 34 % mais reduzida que outros veículos de referência similares. No entanto, até à data, é possível desativar estes sistemas apenas manualmente. Como tal, existe uma acesa discussão sobre a hipotética contribuição destes sistemas para a segurança rodoviária. Afinal, de que serve um sistema que, em caso de emergência, se encontra desativado? Esta é uma questão que será examinada mais detalhadamente no capítulo Tecnologia automóvel, deste relatório.
O mesmo se aplica à crescente ligação dos veículos utilitários, por um lado, com a infraestrutura envolvente e, por outro, entre si. A conetividade determinará o futuro dos veículos e a ligação de vários camiões a um Platoon assume-se como uma das ideias pioneiras para o transporte de mercadorias de amanhã e marca um importante passo na direção da condução autónoma. O transporte rodoviário deve tornar-se mais eficiente e seguro, de modo a aligeirar a carga dos condutores. Além da tecnologia automóvel e das infraestruturas que são também examinadas neste relatório, as pessoas, em geral, desempenham um papel fulcral na segurança rodoviária, no que refere aos veículos utilitários.
Considerando o facto de que, em toda a Europa, cerca de 90 % de todos os acidentes são causados por erros humanos, a sensibilização dos motoristas de veículos pesados ganha uma importância decisiva, nesta problemática. A diretiva europeia 2003/59/CE de 15 de julho de 2003, “relativa à qualificação inicial e à formação contínua dos motoristas de determinados veículos rodoviários afetos ao transporte de mercadorias e de passageiros” teve um impacto verdadeiramente positivo, neste ponto. Estão ainda muitas ideias em formação sobre este tema, que serão também discutidas num capítulo próprio deste relatório.
Em última análise, a conjugação de diversos fatores é decisiva para a segurança rodoviária, principalmente, de veículos pesados de transporte de mercadorias. Só será possível utilizar idealmente o potencial de um veículo pesado de mercadorias, ou de uma carrinha, que foi otimizado do ponto de vista da tecnologia automóvel e equipado com todos os sistemas de assistência ao condutor disponíveis se existirem infraestruturas e condições de estrada adequadas, se a rede funcionar e as pessoas ao volante cumprirem os seus deveres. Em simultâneo, são necessárias novas formas de tráfego combinado para aliviar as estradas. O que mais importa em todos estes pontos é o enfoque deste décimo primeiro relatório de segurança rodoviária da DEKRA.